Problemas Demográficos. Uma proposta de inovação e aprendizgem - Xosé Manuel Souto

Esta publicação visa tratar a conferência de dia 13 de dezembro de 2021 orientada pelo Professor Xosé Manuel Souto, com o tema Problemas Demográficos — Uma proposta de inovação e aprendizagem. Antes de se dar início à apresentação o Professor Sérgio Claudino ao Professor/Orador convidado Xosé Manuel Souto, Professor Catedrático de Didática das Ciências Sociais na Universidade de Valência e diretor do Mestrado de Professores e coordenador do grupo de pesquisa SOCIALSUV e do grupo de inovação Gea-Clio, desde 1989.

O primeiro tópico abordado nesta conferência foi a unidade didática de "População" e as suas características. A "População" como um conteúdo na escola é de extrema importância uma que permite aos alunos estudar e por consequência, entender os problemas do mundo. No sistema educativo atual esta é predominantemente conceptual e baseada em dados estatísticos, repetidos regularmente durante os anos letivos do terceiro ciclo e ensino secundário. Dito isto o orador questionou quem estava presente sobre quais os problemas que os preocupam. Foram mencionados o envelhecimento, pandemia e distâncias de deslocação. Estas respostas levantaram uma pergunta subsequente, "O que preocupa as crianças/alunos?", é nesta direção que deve ir o ensino,  mais concretamente o ensino do conteúdo temático da População na Geografia. Esta reflexão vai ao encontro daquilo que foi discutido na sessão anterior de Didática de Geografia sendo referido na última publicação deste blogue onde caracterizámos o tema da "População" presente nas Aprendizagens Essenciais de 8.º ano como sendo demasiado conceptuais e sem grande abertura para a discussão dos problemas sociais. Quando se pergunta aos alunos o que aprenderam sobre a população estes sabem conceitos, mas não conseguem fazer raciocínios sobre os mesmos. Os números por si mesmos não servem de muito, têm de ser aplicados a contextos reais. 

Segundo o Professor Souto a pesquisa educacional feita sobre este tema mostra que como se ensina este tema potencia a criação de preconceitos e estereótipos nos alunos. Esta questão está associada aos modelos baseados na Geografia Regional, que no seu entender simplifica e generaliza as características de uma região e por consequência promove os estereótipos sobre a mesma. A classificação das regiões de um país de uma forma estereotipada, reflete-se na atribuição de uma relação de igualdade e consequência entre os termos, mais rural, menos desenvolvido e mais atrasado. Como alteramos então esta tendência? Segundo o Professor Souto, os professores devem dominar as matérias que vão lecionar, conhecer como o aluno aprende, dominar estratégias de ensino e avaliação dos processos de ensino-aprendizagem. Neste sentido considero que o curso de formação de professores de Geografia (Mestrado de Ensino de Geografia) deve ter a obrigação de oferecer as ferramentas necessárias para que os formandos dominem estas competências, com exceção do domínio dos temas, que no meu entender deveria ser responsabilidade do ensino básico,  secundário e primeiro ciclo do ensino universitário.

 Por fim gostava de abordar a importância que a disciplina de Geografia pode ter na análise a fenómenos como a pandemia que vivemos hoje em dia. Tal como foi referido pelo Professor Souto, a Geografia promove aprendizagens que permitem analisar a informação de forma correta, tais como a comparação da influência dos fenómenos em diferentes territórios, a sua distribuição geográfica, os fatores que justificam essa localização e as consequências sociais que este fenómeno pode provocar nos diferentes contextos. Esta é mais uma demonstração da importância da Geografia para capacitar os cidadãos que formarão a sociedade do futuro, para interpretar, debater e combater as problemáticas que se avizinham e as atuais que ainda aguardam por resolução.



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