No dia 14 de dezembro de 2021, aconteceu a última sessão presencial de Didática da Geografia. Esta teve como momento de abertura uma discussão sobre conferência de Xosé Manuel Souto com o título "Problemas Demográficos. Uma proposta de inovação e aprendizagem" (abordada na última publicação deste blogue), que teve lugar no dia anterior, onde estiveram presentes alguns dos alunos inscritos nesta unidade curricular. Neste sentido foram discutidas as críticas do Professor Souto à Geografia Regional, onde afirma esta cria estereótipos visto que delimita e tira conclusões sobre o território sem uma perspetiva humanista. Foi ainda mencionado a prática pedagógica de incluir exemplos de experiências vividas pelos alunos na sala de aula, o que na minha perspetiva é algo bastante benéfico não só porque permite aos alunos associar as aprendizagens ao mundo real, à praticabilidade das mesmas, como aumenta o interesse dos mesmos quando se sentem representados e ouvidos no contexto das aprendizagens.
O segundo momento desta sessão serviu para concluirmos a análise crítica às Aprendizagens Essenciais iniciada na sessão anterior. No que diz respeito às Aprendizagens Essenciais do 9.º ano, que ficaram à responsabilidade do grupo de trabalho onde estou inserido, achamos essencial referir que quando foi elaborado este documento consideraram essencial associar os riscos naturais ao clima, ainda assim não decidiram fazê-lo com os biomas. Na nossa perspetiva os biomas são tanto ou mais indissociáveis do clima que os riscos naturais, constituindo assim uma fragilidade nas aprendizagens dos alunos. Um segundo comentário surgiu acerca da complexidade da seguinte frase, "No final deste ciclo o aluno deve ser capaz de problematizar o Mundo na sua multidimensionalidade e multiterritorialidade, na construção da identidade do eu e dos outros, utilizando exemplos relacionados com problemas ambientais, riscos e catástrofes resultantes da interação meio e sociedade, na atualidade e a diferentes escalas —desde o meio local ao mundial." No nosso entender esta é uma tentativa de ser de tal forma abrangente numa só frase que se torna impercetível o que é exatamente que o aluno deve saber, a mesma frase podia ser atribuída aos objetivos gerais de uma licenciatura em geografia que não seria descabido, ao contrário do que acontece quando a associamos ao 9.º ano de escolaridade. A seguir o Professor Sérgio Claudino decidiu acrescentar que os conceitos selecionados abrem para uma descrição qualitativa do que é a qualidade de vida, bem-estar, abre uma discussão sobre a população e as suas necessidades, o que é um ponto verdadeiramente positivo.
Na análise às Aprendizagens Essenciais de 10.º ano foi mencionado o aumento da carga horária em relação ao 3.º ciclo, o que naturalmente aumenta a exigência e a própria quantidade de conceitos listados. De referir o foco na identidade nacional, e na Geografia de Portugal dado na disciplina de Geografia A, assim como a alteração das áreas de desenvolvimento de competências do 3.º ciclo para o ensino secundário, que passam agora a ser: "analisar questões geograficamente relevantes do espaço português; problematizar e debater as inter-relações no território português e com outros espaços; comunicar e participar - o conhecimento e o saber fazer no domínio da Geografia e participar em projetos multidisciplinares de articulação do saber geográfico com outros saberes."
As Aprendizagens Essenciais do 11.º ano foram caracterizadas por alguns dos conceitos e temas estarem datados, por exemplo, "A Integração de Portugal na União Europeia: novos desafios, novas oportunidades", o que já não se justifica se tivermos em conta que Portugal entrou na CEE há 35 anos, a sua integração já pertence à História. No âmbito deste documento foi ainda discutida a influência de Orlando Ribeiro na predominância dos temas relacionados com as áreas rurais nas aulas de geografia que a generalidade dos alunos deste mestrado frequentou durante a sua escolaridade. Isto justifica as nossas lembranças da PAC, serem muito frequentes, os professores foram inspirados por textos de Orlando Ribeiro, são os seus discípulos.
No 12.º ano o cenário volta a mudar, as Aprendizagens Essenciais correspondem agora à disciplina de Geografia C, onde deixa de ser só de Portugal e passa a referir-se ao "Espaço mundial". Estas pressupõem uma grande unidade entre todos os temas e conceitos, facilitando a abordagem de todo o programa continuamente pegando num dos seus temas.
O final desta sessão serviu ainda para abordar os manuais escolares. Estes são um mediador entre os alunos e o professor. Os manuais são livros intencionalmente produzidos para o apoio ao processo de ensino-aprendizagem e pressupõem livros auxiliares, como cadernos de atividades. Para ser completo o manual deve incluir conteúdos, atividades didáticas e de avaliação. Pode ainda incluir orientações de trabalho para o professor. Atualmente o período de vigência dos manuais escolares em Portugal é de 6 anos. Associado aos manuais está o processo de transposição didática, que demonstra o percurso que o conhecimento faz até chegar ao aluno. "NOOESFERA-Programas-Manuais-Professores-Alunos". O termo "NOOESFERA" consiste no conjunto de todas as ideias e conhecimentos do humano.
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